José António Vitorino (1)
José António Vitorino nasceu na Salavessa em 2 fevereiro de 1915 e a alcunha de “Zé Santo” advém do facto de ter nascido na rua do santo, naquela localidade. Durante a sua vida ativa realizou diversos e árduos trabalhos do campo, como era comum nesse tempo, para quem não tinha outra forma de se sustentar a si e á família que formava, ao atingir a idade de a constituir.
Teve uma vida difícil, mas viveu-a com amor, sentimentos que refletiu na poesia caraterizada por múltiplos sentimentos. É como a generalidade da poesia popular uma poesia simples, que no dizer do próprio, não teve aprendizagem, porque apenas lhe “sai desta cabeça”…
Eis como o próprio se retrata:
Quem Sou?
José António Vitorino
Conhecido por “Zé Santo”
Viúvo, um pássaro sem ninho!...
Vivo à mercê do destino.
Sempre um viver palpitante…
A minha jovem velhice
Para o que me havia de dar,
Faz lembrar-me a meninice…
Que eu tive afago e meiguice
E passei a vida a chorar.
Chego a casa que tristeza
Me comove o coração!...
Nunca tenho a luz acesa,
Quando eu tinha sempre a mesa
Já pronta para a refeição.
Tenho filhos, tenho netos,
Todo o bem sobre mim cai.
Isto são pontos concretos,
Tenho dois genros completos
Que até me tratam por pai.
De tudo o que eu preferia
Não é como a gente quer.
Para acabar esta arrelia
Era ter morrido o dia
Que morreu minha mulher…
Vou parar com este drama,
Não quero mais lamentar…
Quando chego à minha cama,
Não sinto o calor da chama,
Que aquece a cama e o lar!...
Luís Gonçalves Gomes
10 fevereiro 2016
(1) VITORINO, José António, “Terra Pousia” livro de poemas do próprio; organização e prefácio de António Louro Carrilho; ed. Comissão de Festas da Salavessa, 1984.