HÁ QUEM GANHE POR UM PEITO ESTE POR UM… PAI DE NÓS TODOS
Nos anos sessenta/setenta, a minha época, havia uma esbelta e atraente velocista, representava um clube da cidade do Rio Azul que exibia as mais bem torneadas curvas em tudo o que eram saliências, exibindo um vistoso peito firme e empinado, capaz de rebentar com os botões de qualquer bem cintado corpete que a ajudava, sobremaneira, a cortar a meta quase sempre “por um peito”, gíria também aplicada aos homens.
Voltemos ao “anjo negro, isto para as mulheres claro” que terminado o aquecimento lá vai para a partida dos 200 metros, metade da pista, distância que aliás fizera parte do treino dos meio-fundistas nessa tarde-noite e onde eu estivera, a percorrê-la dez vezes com intervalo de descanso activo a trote da meta até nova série. Eu próprio fui indicar onde estava o risco e vim andando até junto do professor Raimundo, adjunto de Moniz Pereira.
Aquele técnico grita ao sonhador velocista: “Tira as calças” para que a desenvoltura fosse facilitada, mas ele, “está bem abelha” e volta a bradar “Ó pá tira as calças”, ele à quarta ou quinta vez, fez a vontade ao professor que mal o via lá no escuro. O “boxeur-quase-spinter” lá arrancou cheio de ganas, despachou os primeiros cem metros em curva e surge da penumbra o esbelto rapagão em movimento sobrenatural, deixando a descoberto mais uma perna que o devido, emperrando o andamento devido ao movimento contrário ás outras pernas que felizmente só estas tocavam o chão(!) Era a modesque um badalo alvoroçado batendo descompassadamente em sino de catedral.
Pois meus caros amigos se a atleta atrás citada ganhava sempre “por um peito” este atleta que, naturalmente continuou a ser “boxeur”, ganharia por um…pai de todos nós”. Compreendi-te!…
Talvez não caia mal aqui aquela quadra cantada e recantada por altura das sardinhas assadas e manjericos:
Ó meu rico Santo António/És um grande malandrão/Das três pernas que me deste/Só duas chegam ao chão…
José Morujo Júlio
06 setembro 2020