Produção Local de Azeite
Como referido em “Economia Local”, a par da produção de queijo e de mel estas são, praticamente, as únicas atividades produtivas, com nível de produção industrial ou industrializada, no âmbito da Freguesia.
Em relação à produção de azeite, não fora a estrema escassez da apanha, por falta de mão-de-obra, Montalvão disporia de matéria-prima abundante e de muito boa qualidade, no entanto, ainda há quem anualmente proceda àquela tarefa, essencialmente para consumo doméstico.
Salvo um período determinado, Montalvão sempre dispôs de lagares de azeite, à maneira tradicional, graças à extensão dos olivais, pertencentes a particulares e à preocupação e gosto dos respetivos proprietários em procederem à apanha e à subsequente obtenção do precioso líquido, essencialmente para consumo próprio.
Montalvão chegou a dispor de vários lagares, operando em simultâneo nas épocas apropriadas. Por razões diversas, uma a uma aquelas unidades foram encerrando, chegando Montalvão a estar privado, por vários anos, de total autonomia a esse respeito. Por tal motivo, os montalvanenses viram-se obrigados a recorrer a outras localidades, por vezes até a distâncias consideráveis, com todos os custos e transtornos daí decorrentes.
Graças, no entanto, à iniciativa e investimento de um nosso conterrâneo – João Alonso, empresário em Lisboa noutros ramos de actividade – foi um daqueles lagares, há muito encerrado, adquirido e reativado (primeiramente ainda segundo os métodos tradicionais de produção) e posteriormente modernizado, como as fotos bem atestam.
A evolução natural das coisas, refletida numa legislação mais exigente em termos produtivos e, sobretudo, ambientais, obrigou a investimentos avultadíssimos, em termos de aquisição de novos equipamentos e controle de processos, nomeadamente para tratamento de resíduos e consequente proteção ambiental.
Montalvão e o próprio Concelho orgulham-se de dispor atualmente de uma unidade modernizada para produção de azeite, que permite não só assegurar a produção para a população local, poupando-lhes tempo e dinheiro, ao evitar o recurso a unidades mais distantes, como para as próprias povoações vizinhas e outras que, crescentemente a vêm utilizando, graças à qualidade assegurada.
LAGAR DE AZEITE DE MONTALVAO (Nº 8993)
Preditécnica Indústria Comércio e Serviços Lda.
Estrada Nacional 359 – Bernardino, 6050-450 Montalvão
Contatos: 217 611 120 (João Alonso)
e.mail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Ninguém melhor do que aquele empresário para nos explicar o processo: (sic)
"Os solos, ou terras, do termo de Montalvão entre outras plantas predomina a oliveira com maioria de azeitonas galegas, cujas árvores muitas têm mais de 200 anos.
Este fruto muito apreciado para consumo de casa, azeitona de conserva e a maior parte da azeitona destinada a extracção de azeite, o qual era utilizado para a alimentação e para dar luz durante a noite com as denominadas candeias e lamparinas.
A extracção do azeite era feita nos lagares de azeite através de máquinas movidas a motores com muita mão-de-obra com esmagamento da azeitona pelas galgas, prensas e, através de água quente para separar o azeite da água chamada abufeira.
Em Montalvão nos anos anteriores a 1940 sempre existiram Lagares e com a chegada da electricidade a Montalvão nos anos de 1950 foi construído, por uma sociedade, um Lagar com máquinas mais técnicas e sofisticadas com uma produção de azeite muito grande que dava para consumo do povo de Montalvão e vender o restante para os armazenistas, cujo azeite era transportado em bidons de ferro.
Considerando a grande quantidade de azeitona colhida e o preço do azeite houve necessidade da construção de um outro lagar de azeite através da casa do Dr. Mário Relvas.
Com a saída da população de Montalvão para a zona da grande Lisboa e para o estrangeiro, verificou-se o despovoamento e a falta de mão-de-obra na agricultura o que motivou o lagar da sociedade não ter a azeitona para a sua actividade e ter fechado e, mais tarde nos anos de 1995 ter encerrado o Lagar do Dr. Mário Relvas, obrigando os olivicultores de Montalvão a levar a sua azeitona para o Lagar da Salavessa e do Pé da Serra e Nisa.
Motivado a transportar a sua azeitona para o Pé da Serra e com o adiamento por várias semanas do recebimento da azeitona naquele Lagar do Pé da Serra, levou o autor destas linhas, no ano de 1998, a comprar o Lagar ao Dr. Mário Relvas, a fazer manutenção às máquinas, introduzir novos equipamentos e contratar pessoal para voltar a industrializar Montalvão com o funcionamento do Lagar através do sistema de prensas.
No ano de 2.000 fez-se um grande investimento e modificou-se toda a estrutura do Lagar, importando de Itália novas máquinas em linha com menos mão-de-obra e mais produção.
Houve a preocupação de proteger o ambiente com tratamento das águas ruças (Abufeira) lavagem da azeitona e o recebimento da azeitona para contentores.
Os Lagares da Salavessa, Pé da Serra e Nisa encerraram nos anos anteriores e no ano de 2015 apenas o Lagar de Montalvão se encontra a receber a azeitona de Montalvão e de todas as povoações vizinhas, graças ao bom desempenho na extracção do azeite.
No sentido de continuar a industrializar a actividade do azeite a gerência do Lagar criou um rótulo para iniciar uma linha de engarrafamento de azeite no sentido de promover a venda em Portugal, como para o estrangeiro.
Como a população de Montalvão encontra-se bastante envelhecida maior parte da azeitona não é colhida ficando o fruto nas oliveiras, devido a mão-de-obra se tornar bastante onerosa, uma vez que o olival é composto de oliveiras de grande porte
.Embora a azeitona galega produza um azeite de grande qualidade e bastante apreciado no aroma e gosto, a sua produção é inferior, em comparação com outras azeitonas “cobrançosas” e de menor quantidade produzindo assim menos azeite.”(sic)
Luís Gonçalves Gomes
10 fevereiro 2016