Apicultura
A apicultura é praticada em Montalvão e Salavessa desde tempos imemoriais, pelo que, muito antes das pessoas que abaixo se mencionam, outros mais se dedicaram a esta atividade exigente - pelo zelo que obriga a ter, praticamente durante todo o ano, no sentido de tratar e preservar as colmeias -, e igualmente dura, nomeadamente nos períodos da “cresta” (recolha dos “quadros” com mel), uma vez que se trata de uma tarefa realizada no pino do verão, por vezes em locais inóspitos, onde as colmeias foram previamente posicionadas.
As tarefas posteriores, consistindo na separação da cera e do mel depositado nos “quadros”, entre outras, não são menos absorventes e meticulosas.
Os antigos e típicos “cortiços”, deram lugar a modernas “arcas” e quadros e os métodos artesanais de extração e preparação do mel e seus derivados, deram lugar a instalações (melarias) processos modernos e biologicamente certificados e controlados
Por definição, o mel é um produto natural de abelhas, obtido a partir da sucção do néctar das flores (mel floral), de secreções de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores dessas partes vivas (mel de melato).
No caso particular da nossa região, o mel nela produzido é um produto de qualidade, resultante da flora autóctone, com predominância para o rosmaninho, conferindo-lhe uma coloração de um amarelo-torrado translúcido, inequívoca, como se ilustra.
Para mais e melhor informação sobre este riquíssimo alimento natural, justifica-se a transcrição (sic) do texto solicitado ao produtor José Vicente (v. nota abaixo) sobre o “Mel de Rosmaninho MPB (Modo de Produção Biológico)", a quem agradecemos a disponibilidade e os esclarecimentos abalizados:
“O mel de rosmaninho em Modo de Produção Biológico (MPB) produzido e embalado pela Melbionisa – Agrupamento de Produtores Apícolas do Norte Alentejano, Lda., tem origem na colheita de néctar daLavandula pedunculata /stoechas (vulgar rosmaninho), bastante abundante nas encostas do rio Tejo do concelho de Nisa (Montalvão, Salavessa, Santana, Chão-da-velha), pelas colónias de abelhas (Apis mellifera L.) dos 10 apicultores sócios deste agrupamento de produtores.
Estando inserida na Rede Natura 2000 e no Geopark Naturtejo, esta região beneficia de uma composição florística extremamente densa em termos de rosmaninho, o que potencia um grande fluxo de néctar desta planta na Primavera, que as abelhas colhem e transformam naturalmente em mel. É relevante o facto da zona de instalação destes apiários ter muitas centenas de hectares onde o referido rosmaninho e a esteva (cistus ladanifer), esta última apenas fornecedora de pólen (principal componente proteico na alimentação das abelhas) são espontaneamente predominantes, pois permite obter um produto final que dificilmente se consegue em zonas onde simultaneamente florescem outras plantas melíferas na Primavera, podendo conferir um caracter mais multifloral ao mel. Este mel, no entanto, caracteriza-se por ser marcadamente monofloral de rosmaninho, de cor clara, suavemente aromatizado, de cristalização lenta e fina e com baixo teor de humidade.
O Modo de Produção Biológico foi iniciado pelos apicultores sócios já em 2008, pelo que a produção disponível está devidamente certificada pela entidade responsável.
Deste modo de produção, destaca-se a exigência de localização dos apiários em zonas onde apenas existe floração espontânea e/ou em MPB (raio de 3 Kms), a utilização de produtos naturais para controlo de doenças e, portanto, a total proibição na aplicação de produtos de síntese química para este fim, assim como na restrição para utilização de ceras não contaminadas, também elas provenientes do MPB.
A Melbionisa é ainda detentora de uma melaria devidamente licenciada (PT-LEM 021- CE), onde se cumprem todas as regras exigidas actualmente em questão de segurança alimentar (sistema de HACCP instalado), e que garante um produto final de qualidade.”(sic)
MELBIONISA – Agrupamento de Produtores Apícolas do Norte Alentejano, Lda
Estrada de Montalvão, nº6 Salavessa; 6050-465 Montalvão; PORTUGAL
Contatos: 965 825 788 (José Vicente); 967 308 881(João Neto)
e.mail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Apicultores de Montalvão:
- José da Silva Louro Possidónio: herdou de seu pai António da Silva Possidónio e de seus avós o gosto por esta atividade, a qual exerceu por mero gosto, a par da atividade profissional que desempenhou fora de Montalvão, durante cerca de quarenta anos e continua a exercer, inclusive fora de Montalvão.
Foi um dos fundadores do Agrupamento de Produtores de mel.
- José Miguéns (n: 12nov1948 - f: 4 dez 2017): os seus interessantes trabalhos artesanais, como as fotos bem a evidenciam, refletem a paixão que nutre pela apicultura, que aliás ainda pratica. Tendo herdado de seu pai, Bento Rafael Miguéns e primordialmente de seu avô e homónimo José Miguéns o gosto e a aprendizagem sobre apicultura, deu-lhes continuidade e desenvolveu-a depois em termos mais modernos.
Foi igualmente um dos fundadores daquele Agrupamento.
Apicultores de Salavessa:
- José Vicente: apicultor entusiasta e esclarecido, foi o mentor e um dos apicultores que conjuntamente com os congéneres de Montalvão, Salavessa, Nisa e de outras localidades, fundaram a Melbionisa, Lda. – Agrupamentos de Produtores, sendo proprietário, inclusive, do edifício onde funciona a melaria.
Outros apicultores de Salavessa:
- Raúl Brás
- Joaquim Sabino
Luís Gonçalves Gomes
10 fevereiro 2016
Foto: Manuel Tremoceiro
10 fevereiro 2016
Fotos: ver aqui