Poetas Populares
“A cultura popular é a mais simples, a mais pura, a mais verdadeira, porque nasce de uma relação espontânea do homem com a natureza, a vida e a sociedade. Não está contaminada pela vontade dos barões da crítica, não é forjada segundo o estilo das bigornas dos catedráticos, não se passeia pelos salões das academias”… (1)
Não será exagero afirmar-se que a poesia popular portuguesa e os seus poetas populares são transversais a todo o território nacional e insular. Outros países poderão, certamente, dizer o mesmo.
No caso português, desde o Minho ao Algarve, aos Açores e á Madeira todos conhecemos os respetivos cancioneiros tradicionais, fruto do génio e da veia criativa do nosso povo, tanto na poesia, como na música que muitas vezes a serve. É uma riqueza extraordinária, esta!
O universo alentejano (Alto e Baixo) é disso um paradigma, sem desmerecimento para os restantes territórios nacionais, sendo motivo de orgulho nacional a recente classificação do Cante Alentejano como Património Imaterial da Humanidade, como é do conhecimento de todos, cujas raízes são a poesia popular inspirada na vivência diversificada dos seus autores.
Mas tal só foi possível porque houve pessoas que escreveram as letras, as musicaram e as interpretaram ao longo dos tempos. Mesmo longe dos holofotes da notoriedade e quando o Cante não passava de entretenimento e mitigação dos árduos trabalhos da lavoura ou, no final dos mesmos, ao balcão das tabernas, foi graças à abnegação e á persistência dessa gente simples, mas sábia, sem ter de ser erudita, que esta agora tão aclamada arte popular chegou até aos nossos dias e mereceu o reconhecimento mundial.
O Cante é originário e típico do Baixo Alentejo, como é sabido, não sendo, porém, a sua essência diferente de outros cantos tradicionais, nomeadamente do nosso Alto Alentejo ou, mais especificamente ainda, do norte alentejano onde nos situamos, na medida em que todos eles nos transmitem a inspiração genuína e a arguta observação dos poetas populares, bastas vezes como crítica social e dos costumes ou retratando a terra e a paisagem e o mais que a carateriza e compõe: os campos, as árvores, as aves, os rios, etc.
Foi e é assim também com os poetas populares de Montalvão e de Salavessa, cujos nomes (dos que conhecemos, bem entendido) aqui deixamos registados, associando a cada um deles um dos vários poemas selecionados, homenageando-os assim, com a esperança de um dia ser possível publicar uma coletânea com os poemas reunidos de todos eles, com pública homenagem.
Este espaço, como todos os outros, aliás, deste “sítio”, fica naturalmente aberto à participação e divulgação de algum outro que por falta de informação aqui não esteja contemplado. Eis para já os seguintes:
Poetas de Montalvão – falecidos:
António Branco – …”o mais fecundo poeta montalvanense”… (2)
António José Belo- destacado neste “sítio” por outras múltiplas facetas (3)
João Póquito (4)
José Maria Morujo (“Velhinho”) (5)
Júlio Baptista Morujo (Júlio “Ribeira”) (6)
Poetas Vivos de Montalvão
António da Graça Henriques (7)
José da Graça de Matos (8)
Poetas de Salavessa:
João Gordo do Rosário Correia (9)
José António Vitorino (“Ti Zé Santo”) (10)
Manuel dos Santos Tavares (11)
Luís Gonçalves Gomes
03 fevereiro 2016
(1) VITORINO, José António, “Terra Pousia” livro de poemas do próprio; organização e prefácio de António Louro Carrilho; Ed. Comissão de Festas da Salavessa, 1984 e “Salavessa, Um contributo para a sua história”, Luís Mário Correia Bento; ed. de Autor; p. 133.
(2) MOURATO, AntónioCardoso, "Montalvão, Elementos para uma Monografia desta Freguesia deste Concelho de Nisa"; Ed. Comissão Conservadora das Obras da Ermida de Nossa Senhora dos Remédios de Montalvão; 1980; pp.137 e 138.
(3) Id. p. 138; António José Belo publicou “O Meu Livro”, 1988: poemas e diversos.
(4) Ibidem; pp. 98 e 99
(5) Ib. pp. 99 e 100
(6) Idem; p. 64
(7) Poemas compilados pelo próprio (policópias) - coleções nº 1, 2 e 3
(8) in “Montalvão, Recordar o Passado”; poemas compilados pelo próprio (policópias);
(9) VITORINO, José António, “Terra Pousia” livro de poemas do próprio; organização e prefácio de António Louro Carrilho; ed. Comissão de Festas da Salavessa, 1984 e “Salavessa, Um contributo para a sua história”, Luís Mário Correia Bento; ed. de Autor; p. 133.
(10) Id. p. 143 a 150