Arte e Cultura Popular
..." a identidade de um povo passa também pelo inventário da sua produção artística - que vai do artesanato à arquitectura, da música à poesia, dos adágios, às lendas, da culinária ao traje. E nesta Pátria Lusíada, em cada aldeia, em cada canto onde haja povo, no domínio cultural, há tanta ideia perdida!...(1)
Tanto quanto a nossa memória coletiva alcança ou do que podemos vir a conhecer através dos escritos que encontramos, como é o caso de algumas publicações que mencionamos expressamente neste “sítio”, as gentes de Montalvão sempre se mostraram inteiramente disponíveis para participarem em atividades de natureza lúdico-cultural, até aos dias de hoje.
Por variadas razões, houve momentos e épocas de maior ou menor pujança, como acontece com a maioria das coisas e das populações, nomeadamente as do interior do país, sobretudo em resultado da profunda erosão demográfica também verificada em Montalvão, impulsionada pela massiva incorporação militar e da forçosa emigração de inícios da década de sessenta, a par do inexorável envelhecimento da população.
Mas apesar dessas circunstâncias e dos hiatos verificados ao nível do desenvolvimento regular das atividades culturais, a resiliência dos montalvanenses e a sua natural apetência para as mesmas, seja como espectadores, seja como participantes ativos, sempre determinou, anos volvidos, a reedição de algumas delas, como foi o caso da Banda de Música ou do Rancho Folclórico ou, em 2015, o surgimento de uma outra modalidade e agrupamento, como é exemplo o Grupo Coral EmCanto, em atividade.
Neste separador pretende-se evocar essas raízes e essas gloriosas manifestações de cultura popular, que marcaram e contaram com a generosa e empenhada participação dos jovens de então, que certamente vão gostar de se reverem nas fotos alusivas e recordarem os felizes tempos da juventude. É uma muito singela homenagem a todos eles, que aqui deixamos para memória futura.
Para cada uma das atividades culturais mais significativas criámos um separador próprio, o qual não pode ser exaustivo, como se compreende. Desde logo, porque o espaço e a finalidade deste meio de comunicação, não permite ou não recomenda, pelo menos, ir além de breves apontamentos, havendo outras fontes onde se poderá obter informação mais completa e desenvolvida e, por outro lado, não ter sido possível reunir maior número e com mais qualidade das fotos ilustrativas dessa época. No entanto, à medida que tal venha a ser possível, inclusive, por iniciativa e disponibilidade de quem delas disponha, não deixarão obviamente de ser publicadas, substituindo, se necessário, as que agora se publicam.
Evocaremos, também os poetas populares, os artesãos, bem como os seus trabalhos e outras atividades que vão persistindo, apesar das adversidades com que deparam.
Luís Gonçalves Gomes
01 fevereiro 2016
(1) in "Terra Pousia", livro de poemas de José António Vitorino, ed. da Comissão de Festas da Salavessa, 1984; excerto do Prefácio de “Terra Pousia”, da autoria de António Louro Carrilho-Assistente da Univ. Évora.