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DOIS LOBOS NO CAMINHO

Não sei quando aconteceu, não sei em que tempo aconteceu, fiquemo-nos por foi há muitos anos, ainda havia lobos nos cerros da parte norte do concelho de Nisa. Talvez na primeira década de 1800. O meu avô ouviu a história do seu avô que a ouvira a um velhote. Os acentuados declives dos terrenos de Salavessa constituíam um ecossistema propício para animais selvagens como o veado, o javali e o lobo. Ainda hoje assim é. Nesse tempo vivia em Salavessa um casal com os seus seis filhos, moravam na rua do Santo. O filho mais novo tinha poucos meses e o casal resolveu que era tempo de o baptizar. Com o aproximar da cerimónia, o pai da criança deslocou-se a Montalvão para comprar carne. Manuel Ribeiro acabou por estar todo o dia na cavaqueira das tabernas, na conversa com amigos, demorou-se um pouco mais e já era quase noite quando se pôs ao caminho.

Ainda não tinha feito metade do percurso, aproveitara para descansar um pouco e matar a sede na fonte dos Defuntos, quando foi surpreendido por dois lobos. Atraídos pelo cheiro da carne os lobos seguiam Manuel Ribeiro há já algum tempo sem que este se apercebesse. Até que lhe barraram o caminho. Má sorte para o nosso amigo, nesta altura estava longe de imaginar que era o início de uma tragédia para si e para a sua família. Com o objectivo de os afastar Manuel começa a atirar-lhes pedras. Os lobos afastavam-se um pouco mas voltavam de olhos fixos no homem. Percorrer a distância que faltava era agora a sua maior preocupação. O pânico começou a apoderar-se de Manuel até que pensou em arremessar-lhes um pedaço de carne – a carne era para o baptizado do filho mas não havia escolha possível. Enquanto os lobos se entretiveram com o primeiro naco de carne, Manuel aproveitou para correr, vereda fora, em direcção a casa. Todavia os lobos, pacientes e persistentes, atravessaram-se-lhe novamente no caminho. Sem outra hipótese, desfez-se da carne e aos poucos avançava no caminho para a aldeia. Cada pedaço permitia uns metros na caminhada, desta forma conseguiu atravessar a Charneca e alcançar o seu objectivo. Foi perseguido até à entrada da aldeia, até à porta da sua casa na rua do Santo – a rua do Santo, que hoje está no centro de Salavessa, ficava nessa época à entrada da povoação.

Já seguro, Manuel Ribeiro acordou a mulher para partilhar a aflição que tinha vivido. Abeiraram-se devagar dos postigos da porta e ambos os viram partir e desaparecer no escuro da noite.

Mas Manuel não conseguiu superar o susto que apanhara. Permaneceu na cama, vítima, ou não, do sobressalto de que fora alvo e a verdade é que semanas depois acabou por falecer. A sua esposa pouco tempo viveu, falecendo meses depois. Os filhos ficaram sem a protecção dos pais, crescendo de um lado para o outro, em casas de familiares e amigos. Já adultos, e não respeitando as regras da comunidade, perderam por completo o respeito da aldeia.

Dois lobos no caminho. Dois lobos que interromperam o percurso de uma vida. Foram a pedra de toque para a morte dos progenitores e para a desgraça dos filhos? A tradição oral diz que sim. Não sei se a história se passou exactamente desta forma. Diz-se que quem conta um conto lhe acrescenta um ponto, são as regras da vida, das histórias da vida. Podem os lobos servir de desculpa para o destino das pessoas, para a doença e para a pobreza? A verdade, é que também os medronheiros das terras da Charneca, as estevas de papoila branca, os pinheiros, a água que corre no ribeiro de Ficalho, todos contam a história, recordam os factos e lembram a sua aflição.

O meu avô João diz que foi verdade, está seguro da sua autenticidade, ouviu a história ao seu avô Manuel Correia, que nasceu ali por 1860. Mas os factos eram mais recuados. Muito mais recuados. São do tempo em que a entrada de Salavessa era na rua do Santo, junto à capela da aldeia. São do tempo em que lobos e homens partilhavam o mesmo território, se debatiam pelos mesmos caminhos, pelas mesmas veredas e, olhos nos olhos, se enfrentavam. Não sei quando aconteceu, não sei em que tempo aconteceu, fiquemo-nos por foi há muitos anos.
 


In “Jornal de Nisa” – Luís Mário Bento

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